segunda-feira, maio 04, 2009

invocação à noite


Oh deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importunos astros vigilantes:

Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem de amor os sôfregos instantes:

Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!

Tarde ao menos o carro à noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.


Bocage in "Poesias de Manuel Maria Barbosa du Bocage", 1853

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