domingo, maio 31, 2009

squirrel nut zippers - put a lid on it

Put a lid on it - What's that you say?
Put a lid on it - Oh man, no way
Put a lid down on it, and everything will be all right.

Put a lid on it - Don't hand me that
Put a lid on it - I'm all right, Jack
Put a lid down on it, before somebody starts a fight.

Say, every time I turn it loose
You cats come down and cook my goose
When I start I just can't stop
But if you keep this up you're gonna blow your top!

Put a lid on it - Too late this time
Put a lid on it - I've got to get what's mine
Put a lid down on it, and everything will be all right.

Well, grab your drink and clear a space
I think it's time to torch this place
Now the girl's in overdrive
But some of your pals want to stay alive!

I'll put a lid on it
I'll put a lid down on it
Save it for another night


music by Maxweel in Hot, 1996

ouvi dizer...

"O que normalmente se chama de amor é, de facto, o desejo de satisfazer um apetite voraz com uma certa quantidade de delicada carne branca humana"

Henry Fielding

luz entre sombras


É noite medonha e escura,
Muda como o passamento
Uma só no firmamento
Trêmula estrela fulgura.

Fala aos ecos da espessura
A chorosa harpa do vento,
E num canto sonolento
Entre as árvores murmura.

Noite que assombra a memória,
Noite que os medos convida,
Erma, triste, merencória.

No entanto...minha alma olvida
Dor que se transforma em glória,
Morte que se rompe em vida.


Machado de Assis in "Falenas", 1870

a história da humanidade em três palavras


"Felipe lembrou-se da história do Rei do Oriente que, desejando conhecer a história da humanidade, recebeu de um sábio quinhentos volumes; ocupado com negócios de Estado, pediu-lhe que a condensasse. Ao cabo de vinte anos, o sábio voltou e a sua história ocupava agora apenas cinquenta volumes; mas o rei, já velho demais para ler tantos livros volumosos, pediu-lhe que a fosse abreviar mais uma vez. Passaram-se de novo vinte anos, e o sábio, velho e encanecido, trouxe um único volume com os conhecimentos que o rei procurara; este, porém, estava deitado no seu leito de morte, nem tinha mais tempo de ler sequer aquilo. Aí o sábio deu-lhe a história da humanidade numa única linha:
"Nasceram, sofreram, morreram"."


Somerset Maugham in "Servidão Humana", 1915

quando eu sonhava





Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via:
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora que estou desperto,
Agora a vejo fixar...
Para que? - Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava - mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor não na conhecia...


Almeida Garrett in Folhas Caídas, 1853

domingo, maio 24, 2009

leonard cohen - dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love


music by Leonard Cohen in Cohen Live, 1994

esparsa

sua ao desconcerto do mundo


Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais m'espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado.


Luís de Camões

ouvi dizer...

"Não tentes curar o mal com o mal. Muitas pessoas preferem a medida justa à justiça rigorosa."


Herodoto

tirania e liberdade lado a lado


"Tirania e liberdade não se podem considerar isoladas, mesmo se, vistas temporalmente, se revezam uma à outra. Não há dúvidas de que se pode dizer que a tirania suprime e aniquila a liberdade - mas, por outro lado, uma tirania só pode ser possível, quando a liberdade se domestica e se volatiliza no seu conveito vazio.
O ser humano tende a confiar no aparelho político ou ainda a submeter-se-lhe, quando devia haurir das suas próprias fontes. O que é uma falha em imaginação. Ele tem de conhecer os pontos nos quais não pode deixar que a sua decisão soberana seja negociada. Enquanto as coisas estiverem em ordem, a água estará canalizada e a corrente eléctrica ligada. Se a vida e a propriedade forem ameaçadas, um grito de alarme fará afluir magicamente Bombeiros e Polícia. O grande perigo está em que o ser humano conta em excesso com estas ajudas e fica desamparado quando lhe faltam. Todo o conforto tem de ser pago. A situação do animal doméstico arrasta atrás de si a do animal de abate."

Ernst Junger in "O Passo da Floresta", 1951

interpol - leif erikson

She says it helps with the lights out
Her rabid glow is like braille to the night.
She swears I'm a slave to the details
But if your life is such a big joke, why should I care?

The clock is set for nine but you know you're gonna make it eight.
So that you two can take some time, teach each other to reciprocate.

She feels that my sentimental side should be held with kids gloves
But she doesn't know that I left my urge in the icebox
She swears I'm just prey for the female,
Well then hook me up and throw me, baby cakes, cuz I like to get hooked.

The clock is set for nine but you know you're gonna make it eight.
All the people that you've loved they're all bound to leave some keepsakes.
I've been swinging all the time, think it's time to learn your way.
I picture you and me together in the jungle it will be ok.

I'll bring you when my lifeboat sails through the night
That is supposing that you don't sleep tonight

It's like learning a new language
Helps me catch up on my mime
If you don't bring up those lonely parts
This could be a good time
It's like learning a new language
You come here to me
We'll collect those lonely parts and set them down
You come here to me...

She says brief things, her love's a pony
My love's subliminal


music by Fogarino, Kessler, Dengler & Banks in Turn on the Bright Lights, 2002

não seremos capazes de modificar um único homem


"Deixemos pois de pensar mais em punir, em censurar e em querer melhorar!
Não seremos capazes de modificar um único homem; e se alguma vez o conseguíssemos seria talvez, para nosso espanto, para nos darmos também conta de outra coisa: é que teríamos sido nós próprios modificados por ele!
Procuremos antes, por isso, que a nossa influência se contraponha e ultrapasse a sua em tudo o que está para vir!
Não lutemos em combate directo... qualquer punição, qualquer censura, qualquer tentativa de melhoria representa combate directo.
Elevemo-nos, pelo contrário, a nós próprios muito mais alto.
Façamos sempre brilhar de forma grandiosa o nosso exemplo.
Obscureçamos o nosso vizinho com o fulgor da nossa luz.
Recusemo-nos a nos tornar, a nós próprios, mais sombrios por amor dele, como todos os castigadores e todos os descontentes!
Escutemo-nos, antes, a nós.
Olhemos para outro lado."


Friedrich Nietzsche in A Gaia Ciência, 1882

serventês pessoal (cantiga de escárnio e maldizer)


Don Foão, que eu sei
que á preço de livão
vedes que fez ena guerra
(d'aquesto soõ certão):
sol que viu os genetes,
come boi que fer tavão,
sacudiu-s' e revolveu-se,
alçou rab' e foi sa via
a Portugal.


Don Foão que eu sei
que a preço de ligeiro,
vedes que fez ena guerra
(d'aquesto son verdadeiro):
Sol que viu genetes,
come bezerro tenreiro,
sacudiu-s' e revolveu-se,
alçou rab' e foi sa via
a Portugal.

Don Foão, que eu sei
que á prez de liveldade,
vedes o que fez [e] na guerra
(sabede-o por verdade):
sol que viu os genetes,
come can que sal de grade,
sacudiu-s' e revolveu-se,
alçou rab' e foi sa via
a Portugal.


D. Afonso Mendes de Besteiros in Cancioneiro da Biblioteca Nacional - 1470

terça-feira, maio 05, 2009

coldplay - a rush of blood to the head

He said: "I'm gonna buy this place and burn it down
I'm gonna put it six feet underground."
He said: "I'm gonna buy this place and see it fall
Stand here beside me baby in the crumbling walls."

He said: "I'm gonna buy this place and start a fire
Stand here until I fill all your hearts desires,
'Cause I'm gonna buy this place and see it burn
And do back the things it did to you in return."

He said: "I'm gonna buy a gun and start a war,
If you can tell me something worth fighting for.
And I'm gonna buy this place, thats what I said
Blame it upon a rush of blood to the head...
To the Head."

And honey
All the movements you're starting to make
See me crumble and fall on my face
And I know the mistakes that I made
See it all disappear without a trace

And they call as they beckon you on
They say start as you mean to go on


He said: "I'm gonna buy this place and see it go
Stand here beside me baby watch the orange glow.
'Cause Some will laugh and some just sit and cry
But you just sit down there and you wonder why.

So I'm gonna buy a gun and start a war,
If you can tell me something worth fighting for.
And I'm gonna buy this place," thats what I said
Blame it upon a rush of blood to the head

And honey
All the movements you're starting to make
See me crumble and fall on my face
And I know the mistakes that I made
See it all disappear without a trace

And they call as they beckon you on
They said start as you mean to go on
Start as you mean to go on,
Start as you mean to go on

So meet me by the bridge, meet me on the lane
When am I going to see that pretty face again
Meet me on the road, meet me where I said
Blame it all upon
A rush of blood to the head


music by Berryman, Buckland, Champion & Martin in A Rush Of Blood To The Head, 2002

o artista e a sua obra


"O artista tem pois essa experiência com a sua obra: ele não produziu uma essência igual a ele mesmo. Sem dúvida, da sua obra retorna para ele uma consciência, pois uma multidão admirativa honra a obra como o espírito que é a essência deles. Essa admiração, porém, ao lhe restituir a sua consciência de si apenas como admiração é antes uma confissão feita ao artista de que ela não é igual a ele. Uma vez que o seu Si retorna para ele como júbilo em geral, ali ele não encontra nem a dor da sua formação e da sua produção, nem o esforço do seu trabalho. Os outros podem de facto julgar a obra ou trazer-lhe oferendas, conceber, de algum modo, que ela seja a sua consciência; se eles se colocam com o seu saber acima dela, o artista, pelo contrário, sabe o quanto a sua operação vale mais do que a compreensão e o discurso deles; se eles se colocam abaixo dela e nela reconhecem a essência deles que os domina, ele conhece-a, pelo contrário, como o seu senhor."



Georg Hegel in "Fenomenologia do Espírito", 1807

segunda-feira, maio 04, 2009

invocação à noite


Oh deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importunos astros vigilantes:

Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem de amor os sôfregos instantes:

Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!

Tarde ao menos o carro à noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.


Bocage in "Poesias de Manuel Maria Barbosa du Bocage", 1853