terça-feira, dezembro 16, 2008













Prefiro rosas, meu amor, à pátria,

E antes magnólias amo

Que a gloria e a virtude.



Logo que a vida não me canse, deixo
Que a vida por mim passe

Logo que eu fique o mesmo.



Que importa àquele a quem já nada importa

Que um perca e outro vença,

Se a aurora raia sempre.



Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem

E com o Outono cessam?



E o resto, as outras coisas que os humanos

Acrescentam à vida,

Que me aumentam a alma?


Nada, salvo o desejo de indif'rença

E a confiança mole

Na hora fugitiva.




Ricardo Reis, 01/06/1916

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