sábado, janeiro 24, 2009


Quando eu morrer, a terra aberta
Me beba de um trago
E esqueça.

Aos deuses minha oferta
É levar o que trago:
Eu, dos pés à cabeça.


Assim, com ervas altas,

Acabam os que começam.

Que Deus nos perdoe as faltas!

Dizem: "a terra que nos come":

Eu digo: "a terra que nos bebe" - e basta.

Somos só água que se some:

Choveu - e fomos

Na vida gasta.



Vitorino Nemésio, Eu, Comovido a Oeste in Obras Completas - Poesia

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