domingo, março 18, 2007

cão da morte


No calor da febre que me alarga toda a fronte
Sinto o gume frio da navalha até ao osso
Sinto o cão da morte a bafejar no meu pescoço

E a luz do sol a fraquejar no horizonte

Já desfila trémulo o cortejo do passado

Que me deixa quedo, surdo e mudo de pesar
Vejo o meu desgosto na beleza do teu rosto
Sinto o teu desprezo como um dardo envenenado

Morro, morro, no altar de ti!

Sopra forte o vento na fogueira que arde em mim
Sinto a selva agreste nos batuques do meu peito

No cruel caminho que me lança o desespero

Sinto o gelo quente do inferno do meu fim
No calor da febre que me alarga toda a fronte
Sinto o gume frio da navalha até ao osso
Sinto o cão da morte a bafejar no meu pescoço
E a luz do sol a fraquejar no horizonte

Morro, Morro no altar de ti!


Adolfo Luxúria Canibal in Primavera de Destroços

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