quarta-feira, maio 28, 2008

água morrente



Meus olhos apagados,
Vede a água a cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.


Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água morrente.



Camilo Pessanha in Clepsidra, 1920